UMA MENTE BRILHANTE: UMA ANÁLISE DA
REPRESENTAÇÃO DA FIGURA DO DOENTE MENTAL SOBRE A VISÃO DA PSICANÁLISE
Davi Querino da Silva
Resumo
Este artigo apresenta uma análise
e reflexão do filme Uma Mente Brilhante, destacando a representação da imagem
da loucura, portanto no que concerne a percepção imagética acerca da suposta
visão dos cineastas e de uma literatura
relevante a temática.
Uma série de filmes vem à mente,
porém destaca-se aqui o que enfoca a figura do “doente mental” em vários
momentos. Geralmente o dito “louco” é caracterizado pelo descontrole,
impossibilitado de uma vida social contrapondo-se aos conhecidos como
“normais”.
Palavras-chave: Cinema,
arteterapia e loucura.

ABSTRACT
This article presents an analysis and discussion of the film A Beautiful
Mind, highlighting the image representation of madness, so in terms of image
perception about the alleged vision of the filmmakers and a theme relevant
literature.
A series of films come to mind, but stands out here that focuses on the figure of the "mentally ill" at various times. Usually called "crazy" is characterized by lack of control, unable to socialize in opposition to the known as "normal."
Keywords: Cinema, art therapy and madness.
A series of films come to mind, but stands out here that focuses on the figure of the "mentally ill" at various times. Usually called "crazy" is characterized by lack of control, unable to socialize in opposition to the known as "normal."
Keywords: Cinema, art therapy and madness.
1.
Introdução.
O presente trabalho apresenta uma
análise e reflexão do filme Uma mente
brilhante, destacando a representação da imagem da loucura, portanto no que
concerne a percepção imagética acerca da suposta visão dos cineastas e de uma
literatura relevante a temática.
Uma série de filmes vem à mente,
porém destaca-se aqui o que enfoca a figura do “doente mental” em vários
momentos. Geralmente o dito “louco” é caracterizado pelo descontrole,
impossibilitado de uma vida social contrapondo-se aos conhecidos como
“normais”.
Os filmes discutem padrões de
estereótipos. Se fosse possível traçar uma breve classificação dos modos como
são postos em cena, teríamos filmes que trariam a doença mental como patologia
biológica, cultural e como momentos. Nesse inventário, o que distingue o
“louco” do “não louco”, do “normal” do “anormal”, quando posto em cena
configura-se como uma instancia que fazem com que aqueles que se deixa envolver
pela idéia do normal ou anormal se afaste um do outro. Desse modo, passa-se a
questionar e refletir sobre como o “louco”
é visto pelo cinema.
2. Analise do filme uma mente
Brilhante
Uma mente Brilhante é um filme de
Ron Howard, que traz na sua estética a doença mental e a genialidade de John
Nash, matemático que aos 21 anos formula um teorema que o tornou aclamado na
sua área de atuação. Mas em pouco tempo ele torna-se um homem atormentado,
tendo constantes alucinações, chegando a ser diagnosticado como esquizofrênico[1],
mas após anos de luta consegue reverter esse quadro, sendo premiado com o Nobel. A esquizofrenia deve ser entendida como uma clivagem do ego.
Nash era obcecado pelo perfeito, e racional ao
extremo, esse era um fator que acabou o afastando das outras pessoas, vivendo
isolado. Na universidade, sentia-se um fracasso, era igual a todos, no entanto
tinha mania de grandeza, objetivava ser brilhante sempre, obcecado na idéia de
encontrar a teoria original que o
colocasse em destaque ( então aparece seu amigo Charles), que o aconselha a
procurar ou buscar respostas observando
as pessoas, a paisagem, a natureza e não preso entre quatro paredes, com o
elevado ego.
Mas foi em Alicia na aula de
matemática ministrada por ele que o chamou atenção, pela forma singela e
simples como ela tornara as coisas e até os problemas ou equações matemáticas
mais fáceis.
Mais tarde eles se apaixonam e se
casam, em seguida tem um filho. Tudo aparentemente estava bem, John trabalha
muito, até que se descobre que havia
algo fora do comum, ele começa a ter delírios e alucinações. Alicia é obrigada
a interná-lo em um hospital psiquiátrico, onde é diagnosticado como
esquizofrênico.
Acerca da esquizofrenia Nasar
descreve que:
se assim
podemos dizer, a esquizofrenia pode ser uma doença do raciocínio particularmente nas fases iniciais. A partir do inicio do século XX, os grandes
estudiosos da doença observaram que os pacientes incluíam pessoas com mentes
brilhantes, que os delírios que muitas
vezes, embora nem sempre, apareciam com o distúrbio incluíam vôos da imaginação
sutis, sofisticados e complexos.
( NASAR, 2006, P. 24)
O filme segue com uma serie de
desafios, John luta contra a sua suposta doença
e contra o preconceito.
John Nash se “cura” na medida em que
foi capaz de discernir entre o real e a
alucinação, quando ele percebeu que a “ menininha”(visível só na imaginação dele)
não crescia.
Ao observamos a função do ego do
personagem provavelmente seu senso de percepção do mundo estava alterado
culminando nas alucinações, isto é, a vida de decodificador secreto não existia,
e seus pensamentos transformaram-se em delírios[2].
Ao orientar-se psiquicamente
e alopsiquicamente, consegue controlar os momentos de neuroses e/ou psicoses.
O filme chama-se uma mente brilhante
justamente porque o paciente pode perceber o que fazia parte do contexto real e
o que estava no campo da alucinação.
Ele continuou sentindo alguns “sintomas”,
porém passou a ter consciência da realidade e aceitou, culminando com a
superação dos efeitos dos sintomas.
Acerca do sintoma Krutzen assevera
que: o sintoma é uma saída, uma produção que precisa ser positivada, contemplada em sua dimensão
de resposta a um momento de crise. ( KRUTZEN, 2008,p. 15).
Uma cena importantíssima e pertinente
destacar é quando os “amigos” imaginários de John, o incita matar a sua esposa,
ele volta à realidade e lutará contra isso e começa a se tratar. Esse voltar à realidade
é a atuação das funções e dos mecanismos de defesa do ego.
Nesse momento é perceptível que John
Nash teve consciência do que estava acontecendo, ou seja, há uma ação do ego e
do superego nesse processo. O fator importante no processo de “tratamento” do
paciente foi o seu mecanismo de defesa, que em algumas instancias pode ser
entendido como um surto psicótico ou a neurose e a consciência dessa fase pela
qual ele estava passando.
As constantes crises esquizofrênicas
de John podem ser em detrimento da obsessão pelos teoremas. Em suas alucinações
vive um mundo de fantasia, onde o mesmo é um decifrador de códigos que trabalha
para o pentágono e conseqüentemente
deverá manter o sigilo profissional. Depois acaba sendo perseguido pelos
supostos membros.
O filme apresenta uma narrativa
muito fragmentada e por vezes sem nexos, talvez o espectador só se der conta
que se trata de alucinações, praticamente na metade do filme.
O filme foi baseado em um livro de
Sylvia Nasar, e roteirista Akiva Goldsman.
É interessante
observar que o filme, traz nos seus elementos fílmicos o louco como individuo
que tem ou teve uma atividade na vida social, contradizendo a concepção de que
alguém que aparenta um distúrbio ou momentos de psicoses seja incapaz de exercer uma profissão ou de
conviver com as outras pessoas.
No final do filme o personagem John
Nash diz para Alicia em publico:
Sempre acreditei em
números, em equações e na lógica que
leva a razão. Mas depois me pergunto: o que é mesmo a lógica, quem decide o que
é racional? O delírio e de volta então fiz a descoberta mais importante da
minha vida, a descoberta nas equações do amor, onde alguma lógica existe. Estou
aqui por sua causa, você é a razão pela qual existo, você é minha razão[3].
Nessa cena e trecho fica evidente um
dos elementos impulsionador para as transformações na vida de John Nash, o
amor, ou seja, alguém que o escutou em seu significante, havendo um
compartilhamento do “ sintoma” que não é mais dele.
3. Considerações Finais
A
analise e as pesquisas cinematográfica acerca de Uma Mente Brilhante
aponta para que a representação da imagem do doente mental é entendida como
momentos de psicoses e neuroses. Esses momentos não devem ser entendidos como patologias,
pois a psicanálise entende que esses surtos fazem parte do humano, é uma maneira
de defesa de re-estabilizar algo que não esta funcionando bem ou alterado.
No filme Uma mente Brilhante John
Nash é um neurótico que era obcecado pelos teoremas matemáticos e tinha
alucinações.
O personagem só consegue se cuidar
ou deixar que o cuide quando consegue distinguir o que fazia parte do contexto
do real e que estava no mundo das alucinações e fantasias. Isso foi possível
por ter encontrado alguém com quem pode compartilhar a sua dor ( o conectar-se,
está em rede). John não deixou de ver seus “fantasmas” ou seus amigos
imaginários, apenas aprendeu como enfrentar essas fases de sua vida.
A história de John Nash discute a genialidade,
a loucura e um novo despertar.
4. Referencias
Esquizofrenia.
Disponível em: http://gballone.sites.uol.com.br/voce/esq.html,
acesso em 20.10.2010.
Delírio. Disponível
em: http://www.psicosite.com.br/tra/psi/psicose.htm,
acesso em 10.10.2010.
NASAR, Sylvia. Uma mente Brilhante. Rio de Janeiro: Record, 2006.
PENAFRIA, Manuela. Análises de
filmes- conceitos e metodologia (s). Disponível em: http://www.bocc.uff.br/pag/bocc-penafria-analise.pdf,
acesso em 02.10.2010.
CORREIA, Eugenia. Psicanálises e
educação: a escola nova em perspectiva. Brasília : Iattermund,
1997.
UMA Mente Brilhante. Diretor:
Ron Howard. Interpretes: Rossel Crowe, Jennifer Connelly, dentre outros.
Roteiro: Akiva Goldsman. 1 DVD ( 136 mim
) color NTSC..Studio Universal Pictures.
KRUTZEN, Eugenia
Correia. Oficinas terapeuticas:
elementos na interface arte e psicanálise. Rio de Janeiro: T.mais.oito,
2008.
[1] O termo "esquizofrenia" foi criado em 1911
pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler com o significado de mente dividida.
Ao propor esse termo, Bleuler quis ressaltar a dissociação que às vezes o
paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Hoje é
o nome universalmente aceito para este transtorno mental psicótico, entretanto,
no meio técnico e profissional se admite que o termo pode ser insuficiente para
descrever a complexidade dessa condição patológica.
A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
Disponível em: http://gballone.sites.uol.com.br/voce/esq.html,
acesso em 20. 10. 2010
[2] O delírio é toda convicção inabalável, incompreensível
e absurda que um psicótico tem. Disponível em: http://www.psicosite.com.br/tra/psi/psicose.htm,
acesso em 10.10.2010.
[3] Trecho
retirado do filme Uma mente Brilhante.
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